Você já acordou no meio da noite com aquela sensação inquietante de que algo maior te chama? Como terapeuta, perdi a conta de quantas pessoas chegaram ao meu consultório descrevendo exatamente essa sensação. É como se, de repente, o véu da realidade começasse a se dissolver, revelando uma verdade maior – e nem sempre confortável.
No meio espiritualista, chamamos isso de Despertar da Consciência. Mas diferente do que os posts motivacionais nas redes sociais mostram, esse processo raramente vem embalado em papel de presente com um laço cor-de-rosa.
Lembro-me de uma cliente que chegou às lágrimas, dizendo: “Por que quanto mais eu ‘acordo’, mais sozinha eu me sinto?” Essa pergunta carrega a essência do que venho observando há anos: o despertar espiritual é, antes de tudo, um convite à honestidade profunda com nós mesmos.
Mas vamos dar um passo atrás. O que significa estar “dormindo” espiritualmente?
Imagine-se dentro de uma bolha confortável, onde tudo parece fazer sentido de uma maneira quase automática. Acordar, trabalhar, pagar contas, buscar pequenos prazeres, dormir, repetir. Nossos ancestrais primitivos viviam um ciclo similar: nascer, sobreviver, reproduzir, morrer. A única diferença é que trocamos a caça por cartões de crédito e as cavernas por apartamentos financiados.
Quando a Matrix Começa a Desmoronar
Sabe aquele momento em que você está rolando infinitamente o feed das redes sociais? Ali está nossa versão moderna de anestesia. Dopamina em pequenas doses, como gotinhas de prazer instantâneo para amenizar o peso dos dias. Mas depois… ah, depois vem aquele vazio familiar. O tédio existencial que nem mil reels engraçadinhos conseguem preencher.
Como diz Joanna de Ângelis, mentora espiritual que muito nos ensina através da psicografia, é justamente nesse momento de tédio que encontramos nossa primeira grande oportunidade: o desafio de encarar emoções que há muito mantínhamos adormecidas.
Em alguns anos acompanhando pessoas em suas jornadas espirituais, percebi um padrão interessante: o despertar raramente bate na porta educadamente. Ele irrompe através de perguntas incômodas que surgem nos momentos mais inesperados. “Será que a vida é só isso?” você se pergunta no meio de uma reunião importante. “Existe algo maior do que posso compreender?” ecoa em sua mente enquanto prepara o jantar.
E quando não são as perguntas que nos despertam, é a dor que faz esse trabalho. Já vi incontáveis vezes como um diagnóstico difícil ou uma perda significativa podem ser portais para uma compreensão mais profunda da existência. A dor, essa professora severa, mas eficiente, nos força a olhar para dentro quando todas as respostas externas se esgotam.
“Por que comigo?” é geralmente a primeira pergunta que fazemos. Mas logo ela evolui para “Para que isso está acontecendo comigo?” – e essa mudança sutil de perspectiva faz toda diferença.
Minha mãe sempre dizia: “Quem procura, acha”. E ela não poderia estar mais certa. Quando começamos a fazer as perguntas certas, as respostas começam a aparecer – mesmo que nem sempre sejam as que gostaríamos de ouvir. É como tirar um par de óculos embaçados que usamos a vida toda: depois que você enxerga com clareza, não há como fingir que a névoa ainda está lá.
O despertar espiritual é exatamente isso: uma expansão irreversível da consciência. De repente, aquelas “verdades” que carregávamos como certezas começam a se dissolver. A religião que seguíamos rigidamente desde a infância pode revelar novas camadas de significado. As relações que mantínhamos por pura convenção social começam a pedir uma honestidade mais profunda.
Nesse processo, nossa curiosidade natural desperta. Começamos a explorar outras tradições espirituais, diferentes modalidades terapêuticas, filosofias que antes nos pareciam distantes. E uma das descobertas mais bonitas é perceber que todas essas diferentes visões de mundo são como facetas de um mesmo diamante – elas não se anulam, mas se complementam.
O Preço (e a Beleza) de Ver Além do Véu
À medida que avançamos nessa jornada, o autocuidado deixa de ser um luxo e se torna uma necessidade. Compreendemos que somos parte de uma teia energética complexa, onde cada pensamento e ação reverbera muito além de nós mesmos. E talvez a descoberta mais transformadora: percebemos que aquele Deus que buscávamos tão longe sempre esteve dentro de nós, pulsando em cada célula do nosso ser.
O ápice dessa jornada? É quando começamos a viver naturalmente os princípios da fraternidade e do amor universal – não por obrigação ou doutrina, mas porque compreendemos visceralmente que somos todos um.
Mas não se engane: esse caminho exige coragem. Precisamos estar dispostos a soltar amarras, questionar apegos e enfrentar nossos medos mais profundos. Aquela falsa sensação de segurança que construímos ao longo dos anos? Ela precisa dar lugar a uma confiança mais profunda no fluxo da vida.
Por isso digo: não é o despertar em si que causa dor. O que dói são as resistências que criamos, os apegos que cultivamos, os padrões que repetimos mesmo sabendo que não nos servem mais. Quando aprendemos a soltar – ah, quando aprendemos a soltar! – descobrimos que o despertar pode ser um processo profundamente amoroso e libertador.
E você, está pronto(a) para despertar?
Me siga no instagram: @jugomesbr
Ah Ju como vc é sabia! Me sinto muito honrada em fazer parte da sua egregora e despertar aprendendo tanto com vc. Foi exatamente assim que me vi há 2 anos atrás quando comecei o meu caminhar. E é real a importância do soltar!
Escreva mais. As pessoas precisam saber e ter esse entendimento!
Que texto inspirador e tocante! 🌿✨ Você conseguiu traduzir com muita sensibilidade a complexidade do despertar da consciência, mostrando que esse processo vai muito além das imagens idealizadas que vemos por aí. Parabéns por abordar com tanta honestidade as dores, dúvidas e desafios que surgem nesse caminho – algo que muitas pessoas sentem, mas nem sempre conseguem expressar. É um convite poderoso à reflexão e à coragem de encarar a própria verdade. Que mais pessoas possam encontrar luz e compreensão através das suas palavras!
Que abordagem incrível do despertar espiritual, tão profundo e sincero, nos faz sentir acolhidos nesse processo.
Parabéns pelo excelente artigo!
Excelente reflexão! Parabéns! Deus lhe abençoe sempre com Sabedoria! Sucesso e Muito obrigada!
Eu me senti exatamente assim!!! Uau me descreveu! Muito obrigada pelo ensinamento
Amo a Juliana! Não espalhem, mas ela não é desse planeta, é um ser superior. Me trouxe muitas curas.